domingo, 27 de janeiro de 2013

Com a Palavra por Khaoe Pacheco Edição 9






A eterna namoradinha do Brasil 
por Khaoe Pacheco do Blog BadFish



     Vendo o sucesso que a reprise da novela Rainha da Sucata faz no Canal Viva, a de se destacar mais um papel popular da carreira vitoriosa da atriz Regina Duarte. Somente atrizes talentosas e carismáticas conseguem chegar num patamar, de ter nada mais nada menos, que 25 papéis de protagonistas, na maior cadeia de televisão do país. É preciso ser muito querida para que o país torça durante meses sem enjoar da cara dela. 






     Natural de Franca/SP, Regina ganhou destaque na televisão sendo telemoça, como eram chamadas antigamente as garotas propaganda. Mas desde os 14 anos ela atuava no teatro amador.  Descoberta pelo falecido diretor Walter Avancini devido à carinha doce e frágil, ela foi levada por Avancini para a TV Excelsior no papel de Malu, a jovem que inferniza a vida de todos graças às suas cartas maledicentes na primeira novela com ares de superprodução, A Deusa Vencida.  A situação vista hoje em Rainha da Sucata, se inverte. Regina é a vilã e Gloria Menezes a mocinha. 




     A partir do sucesso da personagem de A Deusa Vencida, Regina foi emendando uma novela atrás da outra, chegando ao ponto de fazer novelas de 1965 a 1974 com pausas de poucos meses entre um trabalho e outro. Ela ganhou o título de namoradinha do Brasil por sempre fazer personagens doces e românticas. Em 1970 participou do fenômeno Irmãos Coragem, a primeira produção a cravar uma audiência de 100%. Esse recorde seria quebrado dois anos depois em Selva de Pedra. Um papel duplo lembrado com carinho pela atriz até hoje. Na sequência vieram outros trabalhos sempre em parceria com a escritora Janete Clair que, assim como Regina, também emendava um trabalho atrás de outro com pouco tempo de descanso.





     Após um breve período longe da telinha, em 1979 a televisão viu o retorno triunfal da estrela no seriado que deu o que falar: Malu Mulher. Em entrevistas, Regina diz sempre que o papel de Malu é o que ela mais se identifica. A série retratava o dia a dia de uma dona de casa recém-divorciada que tem que se estabelecer no trabalho, cuidar da filha adolescente e da casa. Quebrando muitos tabus, ainda que de forma discreta devido a rígida censura da ditadura militar, o programa ousou ao tocar em temas como sexo, virgindade, drogas e trouxe a primeira cena de orgasmo da TV, novamente, de modo discreto, apenas a mão de Malu é mostrada. Para bom entendedor... Ficando no ar por duas temporadas e com 44 episódios produzidos, Malu Mulher até hoje é a série produzida pela Globo mais vendida para o exterior.





     Não demorou muito para a atriz voltar às novelas, mais uma vez com sua habitual parceira Janete Clair em Sétimo Sentido, mais uma produção que teve que enfrentar a dura censura da época.  A trama demorou a deslanchar devido à falta de carisma do casal central. A culpa foi da censura, já que o mocinho ainda era casado e as cenas de beijos e caricias entre o casal principal eram cortadas.  Ela ficou mais um tempo longe dos folhetins se dedicando a outro seriado. Joana não teve a repercussão de Malu Mulher, mas no seu lançamento as pessoas ficaram curiosas ao saber que Regina havia saído da Globo e ido para a Manchete. Na verdade, Joana foi uma produção independente. Seu próximo trabalho foi uma personagem que foi o mais diferente interpretado pela atriz ate o momento: a viúva Porcina de Roque Santeiro. Espalhafatosa e barulhenta, Porcina conquistou a todos com os seus trejeitos exagerados. 





     Em 1988, outro papel marcante, Raquel a mãe constantemente humilhada pela filha em Vale Tudo de Gilberto Braga, outra trama que mobilizou o país.  Agora, Regina não fazia mais os papéis de mocinhas românticas, ela já encarava personagens de mães fortes de adolescentes. Atualmente no ar no Canal Viva, Rainha da Sucata foi mais uma personagem popularesca. Após essa trama, Regina ficou cinco anos longe das novelas fazendo filmes e teatro.




     Em 1995 ela voltou ao ar numa novela escrita especialmente para ela. Não importava que História de Amor de Manoel Carlos fosse exibida às seis da tarde, a primeira Helena de Regina é considerada pelos fãs de Maneco como a melhor entre as personagens que carregaram este nome nas histórias do autor. Historia de Amor foi um folhetim simples, mas eficaz, com tramas deliciosas e personagens muito bem escritos. Regina gostou tanto do papel que sugeriu que, ao invés de terminar a novela, fosse feito um seriado a partir dela. Por muito tempo, até se cogitou em fazer uma parte 2 da trama, o que quase foi feito. Com umas alterações ou outras, Maneco criou Por Amor, outro clássico da carreira do autor e da atriz. Regina fez outra Helena e contracenou com sua filha, Gabriela Duarte numa história dramática e sensível.






     Após Por Amor, a atriz voltou a contracenar com a filha na minissérie Chiquinha Gonzaga, onde na cena final uma debilitada Chiquinha conversa com suas versões mais novas. O talento de Regina foi sendo cada vez mais desperdiçado em papeis aquém de seu talento, entre eles a fracassada novela Desejos de Mulher, cujo único triunfo foi o reencontro de Regina com Gloria Pires. Até mesmo a sua última parceria com Maneco em Páginas da Vida como outra Helena foi bastante criticada. O autor tinha ótimos atores e uma história comovente e irresistível nas mãos, mas os constantes atrasos na entrega dos roteiros somados as divergências entre o que saia nas revistas especializadas com que ia ao ar, fez Páginas ser uma trama confusa e arrastada. Algum tempo depois- em 2011 - outro papel que foi bastante criticado pela mídia. Na regravação de O Astro, ela fez Clo Hayala, uma socialite. A atriz abusava de expressões exageradas, mas a novela como um todo tinha interpretações exageradas e melodramáticas, numa espécie de homenagem disfarçada as novelas mexicanas. 




     Com uma carreira recheada de tipos únicos, bastante trabalhosa e com um merecido reconhecimento, Regina Duarte é seguramente a melhor atriz que o país já viu, um talento cada vez mais deixado de lado em favor de novas e péssimas atrizes saídas de Malhação. Ela ficará marcada para sempre na história do Brasil. Até a próxima edição!!!









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