domingo, 20 de janeiro de 2013

Com a Palavra por Ketilyn Almeida Edição 9






Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios
 por Ketilyn Almeida do Blog Estranho Ao Meu Modo




     Com um título que encanta e chama atenção dos desavisados Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios (2005) de Marçal Aquino, é um romance que não se preocupa com o politicamente correto, nem na história, muito menos no vocabulário, seu leitor encontrará palavrões e palavras despudoradas, mas que combinam com a trama e seus personagens.




     Uma literatura que mistura fotografia em seu enredo, com descrições de imagens que aguçam nossa imaginação. E tudo isso porque os personagens principais são fotógrafos, mas com diferentes preferências. Ele, Cauby (É, igual ao cantor, ele te responderia) é um fotógrafo profissional, que seguiu a carreira do pai, com o qual não tinha um bom relacionamento, e a sua querida Lavínia é uma amante da arte. “Lavínia não se interessava por fotos com gente. Eu tentava compreender o mundo fotografando gente”.





     E por falar na moça ela era uma mulher com dupla personalidade, existia a Lavínia louca, um bicho e a Lavínia dócil, com pudor. Teve uma vida difícil, a mãe bebia, o padrasto a abusava, até que fugiu de casa e foi tentar a vida na rua, se prostituindo. Mas o destino colocou o pastor Ernani em sua vida. E em uma tentativa de conversão da alma de Lavínia, ele acabou se apaixonando, e ela se sentiu acolhida e protegida nos braços do pastor. Isso até encontrar Cauby, e viver um romance escancarado e delicioso.

     E quando o enredo está se encaminhando para um fim trágico, em que os amantes terminam separados e infelizes, há uma reviravolta romântica, entre fotos, amor e loucura.





     Assim como Marçal escreve em seu livro que “o detalhe é a alma de toda fantasia” ele também se preocupou com as particularidades na vida real. É impossível quem tenha lido Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios e não tenha reparado no tão citado Professor Benjamin Schianberg, um psicanalista autor de um tratado sobre o amor, O que vemos no mundo, mas na verdade o professor não passa de mais um personagem da obra. Porém, o cuidado foi tanto que Aquino criou um nome que ainda não aparecia nos resultados de pesquisa do Google, para não haver nenhuma confusão. E houve até uma editora do Rio de Janeiro que pediu a ajuda do autor para localizar Schianberg, pois queria publicar sua obra. São esses aspectos que mostram a força do livro.

     A obra virou filme, com direção de Beto Brant e Renato Ciasca, e contou com um elenco formado por Gustavo Machado, Zé Carlos Machado, Gero Camilo, Adriano Barroso , Antonio Pitanga e Camila Pitanga, que venceu o Festival do Rio 2011, como melhor atriz.  O filme conquistou também Prêmios de Melhor fotografia e melhor Filme, no 37º Festival de Cinema Iberoamericano de Huelva.










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